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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Festas e Romarias de Forninhos

Nossa Senhora dos Verdes
Desde que tenho consciência das coisas, há três dias que pertencem a Forninhos: a sétima Segunda-Feira a contar da Páscoa, do Divino Espírito Santo; o 18 de Julho, da Padroeira Santa Marinha; o 15 de Agosto, da Nossa Senhora dos Verdes. Pela tradição e por vontade de toda a nossa gente que sempre se envolveu nas coisas que lhe pertencem, sempre houve festa nestes dias.
Serve esta introdução, para dar a conhecer aos meus amigos leitores, que só por vontade de um pequeníssimo grupo de residentes, que se ofereceu para tratar do que é possível, a festa do Espírito Santo vai realizar-se de hoje a 15 dias, i.é, no próximo dia 13 de Junho.
Que esta nota sirva de incremento para que as nossas festas e romarias continuem a correr de feição, e que não se deixe de cumprir o objectivo que levou os nossos antepassados a construir a Capela a Nossa Senhora dos Verdes.
Noséculo XVIII o Cura Baltazar Dias já se lhe referia: "São obrigados à Capela de Nossa Senhora dos Verdes várias procissões em alguns dias do ano principalmente nos dias Santos do Espírito Santo".

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tarefas nas Lages/Eiras Comunitárias

Estamos em Maio, altura de n´outros tempos também se pegar na gadanha e ceifar com desembaraço o feno (erva criada nos lameiros), que depois de ceifado se juntava às braçadas, fachos, que eram colocados na vertical, com a espiga bem juntinha e atada, para a semente não se perder, ficando com aspecto de "bonecas" dispostas no lameiro durante alguns dias para amarelecer e secar melhor, e depois eram então levadas para as lages/eiras onde o feno era bem sacudido para a semente cair:

na lage do Outeiro

Usava-se o ancinho para gavelar o feno e para ajudar a remover as palhas

na lage do Outeiro

Para limpar e juntar a semente, usava-se muito as vassouras de giesta

na lage da Barroca

O feno ficava estendido, traziam-se os bincelhos feitos de palha de centeio e era, então, enfaixado e carregado com as forquilhas no carro de bois ou tractor, preparado com os fogueiros para segurar bem a carrada, e no fim apertava-se melhor com uma corda e lá seguia para a palheira para servir de alimento para o gado todo o ano.

A vida do campo há décadas atrás era assim.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Os Barbeiros

O barbeiro, o Álvaro, afia a navalha à porta da barbearia

Vamos hoje ao tempo do preto e branco para falar de uma profissão que já fez parte do dia a dia da aldeia – O Barbeiro. O Barbeiro agora é raro, mas em Forninhos existiram algumas barbearias em permanência, como a barbearia do tio Joaquim Gonçalves (Joaquim Xispas, como era conhecido), que muitos se recordarão. Depois vieram os Salões de Cabeleireiro, a profissão perdeu o interesse, e as barbearias passaram à história, apesar de haver ainda resistentes nesta profissão.
A barbearia era também ponto de passagem para o convívio, como o prova esta fotografia que a nossa conterrânea Natália Cavaca, enviou por correio, o que agradecemos.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mais Coisas Nossas

Tendo em conta que os utensílios/artefactos nos ajudam a compreender melhor como viviam os nossos antepassados nas últimas décadas, voltamos com mais coisas nossas:

Cabaças ou Botelhas

Eram as garrafas térmicas de outros tempos e que duravam uma vida. Térmicas, pois a bebida mantinha-se numa boa temperatura. Toda a gente tinha pelo menos uma botelha em casa. Hoje são raras de ver, por isso destacamos hoje estes belos exemplares.

Fisga

A fisga deixou boas recordações. Recordo os rapazes fazer “campeonatos” para ver quem tinha mais pontaria ou para ver quem conseguia atirar mais longe. A gancha era de madeira, a borracha com elasticidade, o cabedal amarrado com fio forte para poder suportar bem a pedra, e aqui havia escolha, o seixo arredondado do rio que diziam, por ser mais maciço não se desviava com a velocidade do vento.

Seitoura

Foice com lâmina de ferro, curva, quase sempre serrilhada, para ceifar cereais, erva, etc., manobrava-se com uma das mãos, enquanto a outra segurava o que era para cortar, que seguidamente se juntava, formando a gabela. Um utensílio muito simples, mas que tão útil foi à humanidade enquanto a tecnologia não pôs ao seu dispôr a máquina ceifeira dos nossos dias.

Cabaço

Vasilha de lata que tem atravessado um cabo de madeira comprido. Servia para tirar água de tanques, valados, poços ou de poças, para um rego de água.

Alqueire

Antiga medida para cereais, de madeira, bem conhecida em Portugal, desde os seus princípios, porém com grandes diferenças nas comarcas e concelhos, por isso, variável de terra para terra.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A lenda da "Cadeira do Rei"

Há no sítio de São Pedro uma rocha com uns recortes semelhantes ao assento de uma cadeira com espaldar e braços. É a “Cadeira do Rei”, que deu origem a uma lenda.
O Pe. Luís Ferreira de Lemos, no seu livro «Penaverde sua Vila e Termo», deu a conhecer esta lenda já quase esquecida na nossa freguesia. Aqui vai a transcrição:
Certa noite, estando o Rei e a sua corte a jogar cartas numa das salas do palácio, veio a princesa à janela e notou certa agitação na floresta vizinha. Não era vento, que estava a noite mansa, nem chuva, pois brilhavam as estrelas no escuro do céu. Algo devia ser de que era preciso dar alarme:
- “Meu pai, matos andam” – disse apreensiva e timorata. Entretido como estava na vasa ou concentrado nos cálculos do jogo, se deu conta, fingiu que não e não ligou aos receios femininos da sua filha.
De novo a rapariga, depois de ter olhado outra vez pela janela:
- “Meu pai, matos andam”.
Desta vez, sua majestade respondeu:
“Truca, retruca, torna a retrucar.
Se matos andam, deixá-los andar”.
Pois nessa noite, um ataque de surpresa dos Cristãos fez ali um açougue: destronou o Rei, retalhou os soldados, matou toda a gente, incendiou e destruiu o povo inteiro.

O lugar de S. Pedro é designado na freguesia de Penaverde de S. Pedro dos Matos vem-lhe o nome, certamente, desta lenda.
Talvez nunca aqui se tenha sentado um Rei, mas o que sabemos nós da nossa história? Sabemos que Viriato foi o "nosso avô". Sabemos que os castros eram lugares de defesa civil e compunham-se de grossas muralhas, concêntricas à civita. Sabemos que a parte residencial era por assim dizer o reduto com as suas casotas e a fonte.
Este antigo povoado de S. Pedro dos Matos, segundo o Sr. Pe. Luís, esteve na origem do nome Penaverde (PENN, significa penedo, monte fortificado e VERDE devido ao colorido regional dos matos). Na época do herói lusitano, as lombas e colinas cobri-as um manto invariável de verdura. Mato e bosque eram a sua vestidura própria, salvo o cimo das serras, obviamente.
Se tivermos em conta a história e lendas dos lugares que subsistem dessa época, as ruínas e os vestígios do extinto povoado de S. Pedro, podemos muito bem nós também construir o início da história da nossa aldeia, saber como se povoou, a origem do nome do lugar de fornos (hoje Forninhos).
Tendo em conta esta lenda, um ataque de surpresa obrigou os habitantes deste lugar a abandoná-lo. Mas se distinguirmos convenientemente a realidade da lenda, podemos muito bem concluir que, independentemente do motivo que levou os habitantes a abandonar a serra, estes deslocaram-se para o sítio onde se encontra hoje a actual povoação de Forninhos e foi assim que nos povoamos.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Largo da Lage da Barroca: Ontem & Hoje




Olhar para o passado, ajuda-nos a compreender o presente. As fotos aqui publicadas, da Lage da Barroca ou da Eira, como o povo também lhe chama, permite-nos um pequeno exercício: encontrar as diferenças entre o que aqui estava no passado (um passado não tão distante) e o que cá está actualmente. Apesar das muitas diferenças que encontramos, é curioso verificar que o casario é quase o mesmo. A lage/eira em frente ao casario, que era aberta a toda a população também vai perdurando no tempo.
Só mais dois pormenores antes de terminar: os candeeiros de iluminação pública e a placa toponímica.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

As Sementeiras

Porque estamos na altura das sementeiras, embora já haja feijões nascidos e batatas bem crescidas semeadas em terrenos mais secos (conhecidas por batatas do cedo temporãs) e como defendo que é importante manter o registo das práticas de trabalhar a terra com bois e com as alfaias agrícolas antigas e suas funcionalidades, deixo-vos estas fotos enviadas pelo Colaborador “serip413” tiradas no século passado nos campos da nossa terra:

Logo ao romper da manhã, porque no mês de Maio o calor se fazia sentir, os homens engatavam os bois e carregavam o carro/ou/carroça com a charrua, a grade, enxadas e com diversos produtos agrícolas.


Às mulheres pertencia a tarefa de preparar as cestas da piqueta 


e não se podia esquecer o garrafão para acautelar a sede.


Num sítio, mais ou menos, direito, seco e abrigado, onde não houvesse formigas, estendia-se no chão a toalha que tapava a cesta, cada um se sentava como podia: uns no cabo da enxada, outros numa pedra tirada de um muro, outros em cima de uma saca ou em cima de um casaco velho…todos se acomodavam numa circunstância que lhes era habitual.


E como sempre gostei de ouvir histórias contadas ou vividas, vou deixar aqui uma sobre os dias grandes de Maio:

Entre namorados
Numa bela manhã encontraram-se dois namorados, ele com uma grade aos ombros e ela com uma bilha de água à cabeça e assim passaram todo o dia conversando, sem dar pelo tempo passar e sem nenhum dele se lembrar de arrear estes pesados objectos, tal era o enlevo em que se achavam.
Ao despedirem-se ele disse:
-Dias de Maio, dias de amargura
E ela respondeu: 
Mal amanhece é logo noite escura.
Moral da história: por mais longo que o dia fosse achariam-no sempre curto.