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segunda-feira, 9 de maio de 2011

A lenda da "Cadeira do Rei"

Há no sítio de São Pedro uma rocha com uns recortes semelhantes ao assento de uma cadeira com espaldar e braços. É a “Cadeira do Rei”, que deu origem a uma lenda.
O Pe. Luís Ferreira de Lemos, no seu livro «Penaverde sua Vila e Termo», deu a conhecer esta lenda já quase esquecida na nossa freguesia. Aqui vai a transcrição:
Certa noite, estando o Rei e a sua corte a jogar cartas numa das salas do palácio, veio a princesa à janela e notou certa agitação na floresta vizinha. Não era vento, que estava a noite mansa, nem chuva, pois brilhavam as estrelas no escuro do céu. Algo devia ser de que era preciso dar alarme:
- “Meu pai, matos andam” – disse apreensiva e timorata. Entretido como estava na vasa ou concentrado nos cálculos do jogo, se deu conta, fingiu que não e não ligou aos receios femininos da sua filha.
De novo a rapariga, depois de ter olhado outra vez pela janela:
- “Meu pai, matos andam”.
Desta vez, sua majestade respondeu:
“Truca, retruca, torna a retrucar.
Se matos andam, deixá-los andar”.
Pois nessa noite, um ataque de surpresa dos Cristãos fez ali um açougue: destronou o Rei, retalhou os soldados, matou toda a gente, incendiou e destruiu o povo inteiro.

O lugar de S. Pedro é designado na freguesia de Penaverde de S. Pedro dos Matos vem-lhe o nome, certamente, desta lenda.
Talvez nunca aqui se tenha sentado um Rei, mas o que sabemos nós da nossa história? Sabemos que Viriato foi o "nosso avô". Sabemos que os castros eram lugares de defesa civil e compunham-se de grossas muralhas, concêntricas à civita. Sabemos que a parte residencial era por assim dizer o reduto com as suas casotas e a fonte.
Este antigo povoado de S. Pedro dos Matos, segundo o Sr. Pe. Luís, esteve na origem do nome Penaverde (PENN, significa penedo, monte fortificado e VERDE devido ao colorido regional dos matos). Na época do herói lusitano, as lombas e colinas cobri-as um manto invariável de verdura. Mato e bosque eram a sua vestidura própria, salvo o cimo das serras, obviamente.
Se tivermos em conta a história e lendas dos lugares que subsistem dessa época, as ruínas e os vestígios do extinto povoado de S. Pedro, podemos muito bem nós também construir o início da história da nossa aldeia, saber como se povoou, a origem do nome do lugar de fornos (hoje Forninhos).
Tendo em conta esta lenda, um ataque de surpresa obrigou os habitantes deste lugar a abandoná-lo. Mas se distinguirmos convenientemente a realidade da lenda, podemos muito bem concluir que, independentemente do motivo que levou os habitantes a abandonar a serra, estes deslocaram-se para o sítio onde se encontra hoje a actual povoação de Forninhos e foi assim que nos povoamos.

15 comentários:

  1. O povoado de S. Pedro, na freguesia de Forninhos, então do termo da Vila de Penaverde, foi um povoado fortificado de grandes dimensões que ocupou uma elevação bem destacada na paisagem, a que o povo atribuiu algumas lendas, que nos ajudam a contar a história.
    Este tipo de património imaterial, acho que é um tema que diz respeito a todos. Neste sentido “O NOVO BLOG DOS FORNINHENSES” tem vindo ao longo destes 18 meses de existência, a estudar e, nessa sequência, divulgar a nossa história e lendas, mas isto não desresponsabiliza, logicamente, a autarquia, no que respeita ao seu registo, valorização e enriquecimento.
    Note-se que neste ano e meio, já deixamos neste blog registado uma pequena amostra de 14 Post´s publicados sobre a Serra, História e Lendas (9 “A Nossa Serra”) + (5 “História e Lendas”). Espero continuar a proporcionar a todos bons momentos e encontros e dar a conhecer ainda melhor a história de Forninhos e dos forninhenses.
    Da minha parte, apenas agradeço aos que participam nas nossas iniciativas e que connosco têm colaborado.

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  2. Boa tarde a todos.
    As lendas ou mitos, é uma fantasia que alimentou a imaginação ao longo dos séculos, no entanto, poderá haver muito bem, um pouco de verdade.
    As províncias das beiras, são muito ricas em lendas de mouras encantadas e tesouros escondidos.
    Sabe-se quanto os árabes cultivavam a arte de ouriversaria e possuíam grandes tesouros em jóias, e podemos imaginar as refregas com os cristãos quando da expulsão da península, o que podia muito bem, na precipitação da fuga e na incerteza, esconderem os seus tesouros em locais ermos, sob rochedos e ainda por lá estarem ignorados.
    Não podemos saber se por aqui está algum, mas temos o tesouro de umas ruínas com vestígios visíveis.
    Não podemos vir a saber se o rei se sentava nesta rocha, nem sequer se aqui morava ou reinava, mas tudo indica que, daqui se falava ao povo que se juntaria dentro daquelas muralhas.

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  3. Paula,

    Quando vejo essas imagens me dá uma vontade enorme de conhecer esse lugar. Linda lenda.
    Queria sentar nessa cadeira do Rei e ficar olhando essa paisagem.
    Eu fiz uma florzinha em sua homenagem, vai lá ver.
    Beijos

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  4. Boa tarde a todos.
    Uma vez nais se vem provar que naquele lugar existe algo.
    Seraia bom que se explora-se, aquele mágnifico local.
    Já antes referi, que numa visita, verifiquei que no novo caminho aberto á relativamente pouco tempo, existiam pedacinhos de telha de barro; serão do antigo Povoado?
    Mais deixo a questão, existem ou não as "Lojas"?
    Que aquele lugar nos esconde grandes riquezas, disso não tenho dúvidas.
    Abraço.

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  5. Há quem conte que aquando do ataque dos Cristãos, estavam a jogar cartas numa das “salas” que seria uma das “lojas/loijas”.
    Seriam 50, 100 homens, que perfaziam um esquadrão de sombras, disfarçados de folhagem, mato espesso. Marchavam nessa noite, truca-truca, em silêncio, que nem os mochos davam conta, e de surpresa mataram toda a gente e destruíram o povo inteiro.
    Se é lenda, fantasia ou realidade, não se sabe, mas o que se sabe e é real, é que na proximidade existiu um cemitério que guardou durante séculos, se calhar os restos mortais deste povo que deu origem à lenda da “Cadeira do Rei”.
    Mas o cemitério também pode ter sido do povoado lusitano que ali lutou com os romanos. Nunca iremos saber pois os vestígios deste povo foram destruídos.

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  6. Encontram-se neste loca, vestígios que remontam a 2000 anos a.C. nas cavernas, depois disso, aparece o castro e uma fortificação, possivelmente ocupação lusitana.
    Sabendo que os lusitanos vieram para a península juntamente com os celtas e os iberos por volta de 1300-1200 a.C., portanto, depois das cavernas.
    Tendo em conta, que estes sarcógrafos encontrados no cemitério, podem muito bem ser de pessoas que aqui moravam, e tendo também em conta que existiu ali uma capela que quase chegou aos nossos tempos, leva-nos a concluir, que aqui houve um povoado habitado durante muitos séculos.
    Como atrás, nos diz serip, encontram-se realmente muitos pedaços de telhas (tégulas) espalhadas pela serra, encontram-se mesmo bastantes, e que se saiba, ninguém sabe ainda, onde eram cozidas estas telhas, seria nos fornos/forninhos?

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  7. Oi gente
    Minha internet já está boa agora...então vim correndo tomar um cafezinho com voces...e que linda lenda!!! adorei!!! AGORA VOU CAMINHAR PELAS POSTAGENS QUE TIVE DE PERDER POR NÃO TER INTERNET
    Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)

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  8. O senhor Adelino está bem instalado apreciando a paisagem.
    Um abraço

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  9. Embora com o risco de repetir ideias, mas sempre tendo presente factos históricos, temos sempre de pensar que povoação de Forninhos é originária da civilização Romana.
    Os Romanos quando aqui chegaram, procuraram correr com os lusitanos, a ferro e fogo,e destruíram o castro, pois é sabido que os romanos não toleravam tais “ninhos”.
    O mato e bosque vestiam esta serra e os lusitanos dedicavam-se apenas à pastorícia, uma das primeiras actividades do homem ao romper da idade neolítica. Só quando os romanos aqui chegaram é que se começou a cultivar de sachola o centeio e outros cereais rústicos e a vinha, mais ou menos, selvagem. Pisavam as uvas nas lagaretas talhadas nas rochas. Estas lagaretas, pias, os fragmentos de cerâmica, moedas, cronologicamente inserem-se na época Romana. Daqui, depois, deste povoado, transitou-se para as aldeias de hoje, Forninhos, Penaverde, Dornelas…para as planícies que eram sítios mais férteis. Não se pode saber com exactidão, mas é de crer que foi assim que veio à vida a nossa aldeia e estou convicta que foi desta época que a nossa aldeia herdou o topónimo “Fornos”.
    Devido à ausência de vestígios de fornos (a cerâmica podia ser cozida num outro povoado vizinho), sou de opinião que o topónimo está antes relacionado com lugar quente.

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  10. Ainda a este propósito, sem o devido apoio documental (posso afirmar que na Torre do Tombo apenas existe depositado um manuscrito sobre a nossa freguesia, datado de 20.06.1758), se queremos de verdade dar a conhecer a vida desta aldeia, desde as suas origens geológicas e arqueológicas, passando pelos principais acontecimentos até à actualidade, temos sempre de relacionar os factos históricos nacionais com o nosso património, incluindo o imaterial, como são as lendas, ditados, mitos e expressões linguísticas.

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  11. Conta-se que em certa altura, quando da ocupação deste local pelos mouros, a população, em numero mais reduzido, tiveram de fugir para o local onde hoje é a localidade de forninhos, onde os mouros os deixaram viver em paz. No entanto, como o vale era fértil e muito bom para produção de vinho, foram ocupando sucessivamente as terras dos habitantes de forninhos que viviam da agricultura. Certo dia, já fartos de serem empurrados das suas terras, pelos mouros que eram muitos mais em número e mais bem armados, resolveram preparar archotes, e á noite, colocaram-nos acesos nas pontas dos chifres de todo o gado que juntaram e seguiu com ele pelo vale acima.
    Os mouros ao avistarem tantas luzes em movimento, e julgando tratar-se de um enorme exercito, deram em debandada, e assim deixaram o povoado abandonado e nunca mais foi ocupado.

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  12. Os mouros porque tinham muito ouro, antes de fugirem, enterraram-no e em Forninhos diz-se que: “Desde o penedinho do ouro ao alto do Molião, está uma grade de ouro e um cambão, que hão-de só ser achados por pata de ovelha, ponta de relha ou menina em guedelha”.
    Em Penaverde há o ditado:
    “Quem der um rego direito, do alto do Pendão à tapada de Molião, encontra uma grade de ouro e um cambão”.
    Este tesouro não passa certamente da tradição oral popular, mas ainda hoje faz parte dos mistérios da nossa História.

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  13. Olá a todos os colaboradores e não colaboradores, é sempre com algum prazer que leio estas linhas sobre a história de um povo e suas lendas, esse é um lugar que gostaria de visitar um pouco mais demoradamente, pois só lá estive uma vez e foi uma visita de médico, já estou para fazer essa visita hà algum tempo, esse lugar parado no tempo, tempo esse que aos poucos vem apagando os vestigíos de ocupação humana, lugar de paz e silêncio, ouvi também que no local existiu uma moura encantada, que todos os dias ia beber água a uma nascente que existe ou existiu.

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  14. Boa tarde a todos.
    Esta grade e cambão de ouro, já deve ter sido encontrada. Segundo reza a lenda, a grade e o cambão hão-de ser achados por pata de ovelha, ponta de relha ou menina guedelha, isto quer dizer, que se encontra á superfície, sendo assim, já foi encontrada há muito e não se sabe do seu destino, só nos resta a lenda, e esta, vai perdurar desde que a venham a transmitir como até aqui.
    Dando continuidade ao comentário de J.SEGURO, eu tenho feito algumas visitas a esta serra, e quero ainda fazer mais, este local é realmente de paz e silencio, mas sobretudo de mistério e beleza também, aconselho a todos que visitam esta terra, não deixem de passar por esta serra “encantada” encantadora, principalmente na primavera onde pode, para alem do silencio, paz e mistério ainda pode desfrutar de uma paisagem selvagem florida e as formas estranhas e curiosas das suas rochas.

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  15. De facto é nesta Serra “encantada” que a moura se esconde até quando fôr S. João. Também é verdade que este lugar é propício para a aventura pedestre, mas quantos de nós (mais novos e forasteiros) conhecem os caminhos? As paisagens sim, todos conhecemos, pois é possível observá-las, mas por exemplo, onde fica a nascente ou fonte da “Moura Encantada”? E o penedinho do ouro de que fala “a lenda da grade de ouro e do cambão”?
    Mas não só, nas proximidade, podemos ainda descobrir um outro ponto, penedo, a que deram o nome de sobe-e-desce, era usado muitas vezes por quem ali passava.
    Sem placas de indicação e identificativas é dificílimo dar com estes e outros pontos. Se tivermos a sorte de encontrar alguém, mais velho, que conhece os cantos da Serra, lá seguimos à descoberta, senão…
    Em Forninhos é assim: por onde passa “a romaria” (caminhada anual na natureza) lá se vão colocando placas indicativas e identificativas e limpando caminhos, por onde não passa…não é preciso!
    Actualmente a “Cadeira do Rei” que se encontra num pedregulho enorme, já está identificada, e quem lá se senta, diz que é muito confortável independentemente de ser mais ou menos gordo, porque parece talhada à medida de cada um. Mas o acesso à “cadeira” acho que não é nada fácil (mas se calhar sou só eu que acho).

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