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domingo, 19 de abril de 2015

Num «blog» perto de si...

As comemorações do 25 de Abril estão à porta e é por isso que quero voltar a falar de um dos acontecimentos mais marcantes da História Portuguesa - a Guerra Colonial. Vou deixar aqui uma síntese daquilo que passou o autor do blog Guerra Colonial, do Zaire ao Cunene passando pelos Dembos, o texto é longo, mas cada um lê o que quiser e se quiser...
Hesitei no título a dar à peça. Hesito sempre na escolha do título. Pensei: "Das Rãs-Sátão ao Cunene passando pelos Dembos". "Guerra Colonial: As pedras que me atiraram" foi outro título que ocorreu, mas não...seria demasiado violento para os leitores como me disse o Sr. António S. Leitão.
Começo então por um episódio marcante, o dia da partida: 

a bordo do Vera Cruz: 10 de Janeiro de 1972
Era um domingo como os outros. Mais frio e cinzento, normal para o Inverno. Depois de introduzir numa pequena mala os meus parcos haveres, saio pela porta do lado Norte porque era esta que dava para a estrada nacional. Depois de atravessar o pátio que daquele lado era mais pequeno, encosto-me à ombreira do portão e aí aguardo a chegada de um autocarro da União de Sátão, mais pequeno que os outros, porque só fazia a ligação Sátão/Aguiar da Beira. Chamavam-lhe a carreira das três. Instantes mais tarde, uma apitadela na última curva, avisar-me-ia que tinha chegado a hora.
Atravesso a estrada em oblíqua, o que tem o condão de me levar à esquina da taberna frente à qual ele parava.
Abro e acto contínuo fecho a porta traseira. Quando pus o pé no estribo ainda "consegui" dizer "Adeus pessoal" às pessoas que então vieram à porta. Quando o autocarro arrancou, vi que o meu irmão Fernando chorava.
A guerra entrou pelo corpo dentro de toda a gente: dos que foram e dos que ficaram. (palavras minhas).
Primeira etapa Sátão; segunda etapa Viseu; comboios diversos levar-me-iam até um ponto situado no meio de «nulle part» chamado Santa Margarida. Desta vez era a sério, não havia margem para dúvidas: brevemente receberíamos os camuflados e embarcaríamos rumo a Angola.
Chegou o dia «D» e a hora «H» fomos introduzidos nas entranhas do majestoso transatlântico que dava pelo nome de Vera Cruz. Depois de uma travessia de nove dias, pudemos de novo dizer: terra, terra, mas tínhamos mudado de continente: estávamos na África dos elefantes e das girafas. 
Após o desembarque, esperava-nos um comboio que geralmente tem bancos, mas as fabulosas riquezas angolanas pelas quais nós estávamos prontos a dar a vida, não chegavam para pôr bancos no "nosso" comboio", e como gado, "embarcamos" em vagões que nos levariam até um loteamento de barracões de cimento situado no meio de um grande areal. Não vão pensar que era uma praia, tal como o comboio, também as "casernas" davam a impressão terem sido concebidas para acolher animais. À entrada de cada barracão havia de cada lado uma placa de cimento e em cima destas um fila de colchões asquerosos repletos de um pó amarelado que talvez dez anos antes tivesse sido palha.
Ficamos por lá alguns dias; vinham seguidamente grandes camiões equipados de altas cancelas (cuidado não fosse a mercadoria suicidar-se), e então como dizia o poeta, lá íamos nós, de Luanda para o Norte.
Quando chegávamos à Guerra, recebíamos como é natural uma espingarda e com ela uma centena de cartuchos que conservávamos em permanência quase sempre (a menos que houvesse um armeiro) dependurados ao fundo da cama. Quando íamos para o exterior, que por vezes se confundia com o interior, podíamos completar o nosso "arsenal" com duas granadas que devíamos solicitar na arrecadação.
Convém recordar que para as munições necessitávamos de cartucheiras, também para as granadas havia uma espécie de bolsas de lona, a que se chamava porta-granadas. Tudo corria na maior das normalidade até que um dia...(Pode ler o resto aqui).
Cansado de criticar o menu que nos era servido durante a guerra em Angola, decidi um dia desbloquear cinco escudos do meu magro orçamento, para comprar um ananás. Estando numa zona pacífica, entravam diariamente no quartel dois miúdos de cor que por vezes eram "utilizados" como moços de recados.
Chamei um deles, dei-lhe dez escudos para que fosse à cidade comprar-me o tal fruto açucarado. Sabendo de antemão que o ananás custava cinco escudos esperava logicamente receber outro tanto de troco, mas qual não é a minha surpresa quando o "nosso" pretinho estende uma mão com o ananás, outra com uma laranja servindo de troco.
Tive vontade de o acusar de ter gasto o troco em laranjas e de ter reservado uma para mim, mas pareceu-me tão sincero que me comoveu e disse-lhe come tu a laranja.

pobres cuanhamas pequeninos

Naoatu?! - Disseram os miúdos quanto eu passava.
Hêêê! Respondi eu, e trouxe esta imagem.

Corria o ano de 1974; estávamos no mês de Maio. Depois de termos passado os últimos nove meses em Pereira d'Eça, eis-nos enfim em Luanda aguardando embarque para a Metrópole. De regresso a Portugal emigrei para França.
E chega. Algum leitor que seja mais curioso poderá aceder a muitos outros textos sobre o que se sente tantos anos depois aqui:

S. António Leitão: bem-haja por autorizar os seus textos e fotografias "n' O Forninhenses". Um  abraço cá do fundo.

37 comentários:

  1. Ficam as histórias, mas a Guerra provoca-me sempre aversão.

    É muito sofrimento anónimo e uma deshumanidade
    .

    Beijinhos

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  2. Que o sr. António Leitão não teve vida fácil é verdade. Ninguém a teve naquela maldita guerra . Mas pode acreditar que o pior foi mesmo depois que regressou. Aqueles que ficaram entre o 25 de Abril e a independência. A população civil acusava os militares de não se imporem. Mas os comandantes sabiam que em determinadas ocasiões um só tiro da sua partem daria origem à chacina do pelotão. E ainda assim muitos foram os que morreram nesse ano, quando os três movimentos entraram e se instalaram no território, com grande e moderno arsenal bélico, apoiados por russos e cubanos, americanos e sul-africanos. Em contrapartida, os militares portugueses, tinham armas ultrapassadas, e muitas vezes deslocavam-se em jipes e unimogues sem outro escudo para as balas, que não fosse o próprio corpo.
    Um abraço e uma boa semana

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    1. Ola, Elvira.Antes de mais, obrigado pelo seu comentario. Foi realmente cruel o periodo de transição para a independência, mas cerca de dez anos antes, já a frança viveu um drama idêntico na Argélia, depois do "Waterloo" que teve no Vietname,em 1954, porque ninguém queria assumir a responsabilidade de dar independência. A guerra foi cruel para pretos,brancos, mulatos, cabritos e cafuzos. Resta a esperança que pouco a pouco o mundo melhore. Abraço. Obrigado e óptima semana.

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    2. Sobre o assunto ouvi um dia, em Forninhos, junto ao monumento dos ex-combatente, um autarca dizer que para o governante da altura, ou seja, Salazar, não era fácil aceitar a descolonização! Pelos vistos só não foi fácil para Portugal, pois países europeus como: França, Inglaterra, Holanda cederam independência à maior parte das suas colónias depois da 2.ª Guerra Mundial e Portugal continuou a manter territórios em África e na Ásia. E Salazar, mesmo quando a ONU, isto em 1955, lhe recomendou a descolonização das colónias portuguesas, recusou, dizendo que Portugal não tinha colónias, mas sim províncias ultramarinas, e que os seus habitantes eram portugueses!
      Porque não reconheceu nesta altura a independência ao povo africano?
      Se houvesse um mínimo de lucidez, evitar-se-ia FACILMENTE a guerra e o que se seguiu ao 25 de Abril!

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  3. Vera Cruz um navio que transportou tantos jovens para uma guerra estúpida e infelizmente muitos deles não voltaram ou voltaram estropiados.
    Um abraço.
    Uma boa semana.

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  4. Uma história de vida que emociona! E estamos perto do 25 abril...abraços, linda semana, chica

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  5. É de arrepiar, só de falar da Guerra Colonial. Fui tropa no Continente, mas ainda recebi recruta como se a Guerra ainda existisse.

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    1. E se não fosse o 25 de Abril, o mais certo, era ires para essa guerra injusta e desnecessária!
      Era bom que as pessoas olhassem para o 25 de Abril sem qualquer conotação política, ideológica ou racista, mas infelizmente não é assim.
      E eu até gostava de "ouvir" os que regressaram das ex-colónias falar do motivo porque foram lá parar, mas só sabem criticar negativamente o 25 de Abril.
      Já se esqueceram que a ida dos portugueses do Continente para o Ultramar foi durante muitos anos dificultada, chegando ao cúmulo de ser necessária uma carta de chamada enviada por um familiar que lá residisse há um certo tempo para que outro membro da família se lhe pudesse juntar, se calhar tivessem criado condições de incentivo à ida e fixação de muitos mais portugueses para aquelas paragens, talvez as coisas tivessem sucedido dum outro modo.
      Em 1961 é que se ouviu do primeiro ministro português “Rapidamente e em força para Angola”, mas esta ordem já foi tardia!
      Bom domingo, Henrique.

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  6. Conheço bem histórias como estas que marcam a nossa História!
    Uma guerra que a não ter acontecido...estaríamos todos bem melhor!
    Bj amigo

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  7. Obrigado, Paula. Oportunamente responderei aos comentários. Um grande abraço e obrigado a todos os leitores.

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  8. É como dizes, Paula," A guerra entrou pelo corpo dentro de toda a gente: dos que foram e dos que ficaram".
    Já própria saída das terras do interior constituía uma autêntica odisseia; camionetas de carreira, diversos comboios, e por fim o enorme Vera Cruz numa viagem de nove dias para outro continente, que alguns nem sabiam sequer onde ficava pois não sabiam ler e se viram algum mapa, só na tropa, o que felizmente não é o caso do sr António Leitão, autor do blog. Depois as vivências de uma guerra sem sentido. Depois, finalmente, o regresso a Portugal e a saída para a emigração, para ganhar sustento que se visse. Infelizmente tantos não voltaram; tantas mães pais e irmãos choraram, tantas noivas ficaram por casar , já para não falar daqueles que já tinha filhos, ou filhos por nascer.
    Memórias de uma guerra estúpida (como todas as guerras), que fica para sempre em quem a viveu.
    Muito bem escrito pelo sr. António Leitão. E é verdade, o título do teu post seria neste caso, o menos importante. Mais importante é o testemunho na primeira pessoa.
    Boa semana, Paula. Gosto muito de ler acerca destas experiências que ainda hoje atormentam tantos ex-combatentes.
    xx

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    1. De pouco servia saber ler, se a educação moral e cívica da época nos ensinava a confiar em Salazar e Carmona, depois substituído por A. Tomas; se os meios de informação eram escassos e censurados; Paulo Freire dizia que a educação escolar pode ser boa ou mà, consoante seja libertadora, ou domesticadora. Nos recebíamos uma formação de certo modo domesticadora. Os pintainhos ao nascer, seguem a galinha, porque é a primeira coisa que vêem; Se virem um carrinho de corda, seguem-no também. Connosco aconteceu quase o mesmo. Depois da guerra trataram-nos como lixo. Alguém dizia: Quando os ricos fazem a guerra, sao os pobres que morrem. Obrigadissimo pelo comentário.

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    2. É isso mesmo Sr. Leitão! E, no dizer admirável do Pe. António Vieira ,"Se servistes à pátria, que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma."

      Quanto aos soldados enviados para as ex-colónias que não sabiam ler, seria interessante conhecer-se as estatísticas!

      Sobre o título, Laura, hesito sempre muito nestes casos e "pegar" nas lascas do explanado num blog de quem viveu a guerra e situações de risco não é para brincar!
      Acho que escolhi o título "num blog perto de si" para situar quem lê.
      A aldeia das Rãs-Sátão também fica tão perto de nós...
      Cont. de boa semana. Também gosto de ler sobre este tipo de vivências pessoais.

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    3. Muito obrigada, sr. António Leitão, pela sua resposta.
      Compreendo que para quem ia para a guerra, "servir de carne para canhão", não interessaria muito se sabia ler ou escrever, porque como diz, toda a instrução era de facto domesticadora. Eu só referi esse aspecto, porque na guerra, como em tudo o resto, se se souber ler, se se tiver um curso, uma formação específica, isso poderia impedir a pessoa de ir para o mato, e ficar em zonas mais seguras, muitas vezes sem ter de disparar um único tiro... Conheço um ex-combatente, que por ser na altura estudante de enfermagem, não teve qualquer experiência de guerra no sentido do combate, embora a experiência de tratar os feridos também fosse traumatizante. Enfim, um tempo terrível para todos. Até para os que ficaram, a pensar e a chorar aqueles que para lá foram.
      Bem haja , sr. António Leitão por dar conta de um assunto que a mim, e a muita gente, interessa muito, mas do qual pouco se fala de forma aberta a nível nacional. É como se nunca tivessem existido combatentes em nome deste país!

      É verdade, Paula, seria interessante saber as estatísticas em relação à escolaridade dos combatentes na guerra colonial.
      E acho que o teu título disse o que tinha que dizer; remeter-nos para um blog onde o essencial é dito.
      Obrigada pela resposta. Paula. Estive a ler os comentários e as respostas, porque este é um tema que tenho "entalado na garganta", um tema que me interessa muito.
      xx

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  9. Paula, sempre gosto dos textos que traz aqui. Eles acrescentam e despertam! Acho as guerras terríveis... Amo a paz!...
    Um beijo

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  10. "Partiu vivo jovem forte
    Voltou bem grave e calado
    Com morte no passaporte

    Sua morte nos jornais
    Surgiu em letra pequena
    É preciso que o país
    Tenha a consciência serena"
    Andresen, Sophia de Mello Breyner

    Antes de mais, um grande bem haja ao Sr. Antonio Leitao, um vizinho que de forma real descreve de modo cru a horrenda palavra guerra. Um guerreiro que arranca das suas entranhas, presumo, a dor e as marcas de tempos hediondos e tais dar a conhecer para tal pelo menos respeitar...
    Recordo infelizmente as "campas" no cemiterio de Forninhos, "Combatentes", uma aldeia das mais fustigadas do concelho de Aguiar da Beira e vincado na minha memoria, o funeral do Ilidio, com os soldados em homenagem a disparar salvas de tiros e o Albino que veio da guerra completamente.desfigurado. Esta vivo e de saude, felizmente.
    Em comum com o Sr. Leitao, tenho apenas o quartel de Viseu, o 14, na Rua Direita, aonde fui a inspecao e que depois apurados e chegados a aldeia, deitavam foguetes de alegria, longe de imaginarem que podiam ser foguetes de lagrimas, como por vezes foram.
    Adiante...
    Um cunhado meu andou por Africa na guerra, o tempo normal (muito) e cumprido esse tempo, na viagem de barco para a Metropole, correu que ele tinha morrido no barco de regresso. Do boato, cada boca acrescenta um bocado e certo foi que na sua aldeia para os lados de Sernancelhe, tudo foi colocado a postos para as suas exequias. Os familiares mais chegados vieram ao porto de Lisboa para carregar o corpo e ele aparece todo lampeiro! Nao foi ele, mas tinha sido outro.
    Pessoalmente quase tenho vergonha em dizer que fui para a tropa, pois parece quase a guerra do Raul Solnado.
    Fui parar a Abrantes, aquela que o nosso rei dizia aquando das invasoes francesas que "no Quartel General de Abrantes esta tudo como dantes".
    3 (tres) semanas durou a minha guerra a aprender a demontar e montar a G3, sem dar um tiro de ensaio, mesmo na unica noite de campo.
    Valia os toques da bola e fui selecionado pelo sargento Leitao para a equipa da regiao militar Centro ao lado do Frasco, vedeta do Fc Porto.
    Uns lordes, mas tal durou pouco tempo pois, na parada sou chamado ao gabinete do capitao Pulguinhas, um dos mentores do "Livro Branco", a mando do general Soares Carneiro (depois candidato a presidente da Republica e cheguei a ir a casa dele nos Olivais em Lisboa), dizendo que teria de apresentar de imediato no DRM de Viseu (o 14) pois teria de ir para Tancos ou Mafra por causa dos estudos...
    Aqui entra um cheirinho da "minha" guerra.
    Tenho uma despedida em beleza com direito no final da tarde e cortesia do meu primeiro sargento e selecionador, ao convivio com o pelotao de um barril de vinho, queijo, presunto e chourica, coisa que foi sendo agradecido pois o meu primo direito, Luis Pego, da minha idade, estavamos na mesma companhia, pelotao e camarata e sempre que vinha a terra levava uns mimos que a minha mae mandava.
    Fui de jipe ate a estacao de Abrantes, apanhar a automotora, aquelas de farripas de madeira a servir de bancos, por sinal a ultima ate Viseu e ali chegado, altas horas da noite, nao havia maneira de me apresentar no quartel por a estacao ficar longe. Nem taxi (mesmo que houvesse faltava o guito), nem autocarro e nao podia ficar na gare que estava fechada a partir da ultima automotora. Valeu a gentileza do unico funcionario que me permitiu escolher algumas sacas de serapilheira e ali hibernar as poucas horas que faltavam para ser dia.
    Dia 20 de Janeiro de 1977, dia da anual Feira dos Vinte no Mosteiro em Penaverde.
    De boleia em boleia, depois de ir ao qurtel, la cheguei e encontrei o meu pai e muita gente da aldeia. Nunca apanhei tanto frio, mas comparado com estes testemunhos, meu Deus...
    Mais tarde, paguei 50 escudos por um selo da Liga dos Combatentes e passei a Reserva Territorial, sem ainda hoje perceber o porque desta guerra.

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    1. Embora noutro contexto, o “serviço militar obrigatório” também marcou profundamente os jovens portugueses e não vale a pena fazer da tropa um mito ou uma festa. As piadas sobre o tempo de tropa por vezes servem é para encapotar o sofrimento.
      Quanto ao teu cunhado aparecer todo lampeiro, pudera! Tinha chegado do inferno!

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  11. Adorei o texto, pois vivia em Luanda e passei a guerra colonial toda por lá, só regressando a Portugal em 1975.

    Beijinhos.

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  12. Li todo o conteúdo do blog do Sr. António Leitão e quando acabei de escrever isto no domingo à noite quis esquecer o que li.
    Por isso, só agora me dou à tarefa de comentar.
    Voltei a trazer o tema "Guerra Colonial" porque é importante conhecermos estes aspectos da memória psicológica das nossas terras e não vale a pena "certas pessoas" dizerem que isto não tem a ver com Forninhos, porque tem! Como dito, a nossa aldeia foi das mais fustigadas do concelho de Aguiar da Beira. Quatro jovens deixaram lá a vida, o que para uma aldeia pequena como a nossa, foi muito doloroso!
    E o caso do Sr. Leitão, que regressou com vida, é igual ao de muitos forninhenses. Aliás, as nossas aldeias estão seguramente cheias de pessoas com memórias destas, só que poucos falam delas. Ainda bem que existem os blogues para exprimir as mágoas e as misérias daquela desgraçada guerra.
    O blog "do Zaire ao Cunene passando pelos Dembos" é apenas um de muuuuuitos que existem sobre a guerra colonial, mas (dos que conheço) o do Sr. Leitão é o que gosto mais, porque o que relata podia muito bem ser o testemunho de um qualquer "jovem" que esteve presente, no dia 17 de Julho de 2011, atrás do monumento aos ex-combatentes de Forninhos, terra donde afinal saíram algumas das munições daquela guerra!
    Pena que nenhum escreva umas crónicas na «net».
    Mas apesar de ser um tema pouco abordado pelas gentes de Forninhos, vejo que na lista das palavras que mais lêem o texto que aparece em terceiro lugar é o desta peça e apenas foi publicado há quase 48 horas!
    Obrigada a todos os leitores.

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    1. Obrigado Paula, se leu tudo, foi certamente a primeira a faze-lo. durante muito tempo a fim de nao ter mais pesadelos, tentei esquecer, mas a pátria madrasta veio recordar que nunca me deu a famosa caixa, e os meus anos de martírio nao contariam para efeitos de reforma. Podiam dizer que nao beneficiei de assistência médica,etc. etc. e a culpa foi minha, porque podia ter abandonado o pais com "passaporte de coelho" como se dizia nesse tempo, teria trabalhado menos anos e teria reforma completa. Enfim. Num rasgo de generosidade atribuiram-nos por fim uma espécie de esmola, uma mao-cheia de nada, e ainda ha quem diga que sempre faz 30 contitos. De regresso dos trabalhos forçados, certo ex-prisioneiro declarou um dia que um homem para sobreviver, bastava ter: um pedaço de pão, uma cebola e um pedaço de sabão. Ignoro se os nossos "governantes" ouviram a conversa, porque 30 contitos sempre da para uma arroba de cebolas, um tabuleiro de pão, e umas barras de sabão. Eles vivem à grande, para nos, 30 contitos. Por ano, claro. Tal como em Africa, la no topo esta a tribo superior, cà em baixo nos, os "Bailundos", tribo inferior por excelência; para eles o caviar, para nos, a mandioca. Como dizia, certo escritor, sob um verniz de civilização, esta a sobranceria, o desprezo, o abandono, o cinismo. Obrigado Paula, Obrigado a todos os leitores um Grande a braço.PS. Nao procuro compaixão, mas ha verdades que devem ser ditas. Ha quem prefira ler uma guerra "pasteurizada", mas comigo nao. Saber ler, implica também debruçar-se sobre o mapa de Africa, saber que toda ela foi colonizada. Dizem que a Libéria nao o foi, mas foi de forma diferente.Basta de coisas tristes por agora. Abraço e mais uma vez obrigado.

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    2. Sobre a quantia dada anualmente aos militares que serviram em zonas de risco já ouvi que podia bem servir para beberem uns copos para esquecer de momento o que viveram, mas encaixa perfeitamente, aqui, essa do pão, cebola e sabão!
      O político que conseguiu esse suplemento que varia de pessoa para pessoa, mas que julgo se situa entre os € 90,00/€150 euros, é um dos que vive à grande, podia se o quisesse fazer muito mais pelos ex-combatentes, mas naquela altura o que quis foi angariar votos, mas como até está no poder e este ano é ano de eleições pode ser que venha a prometer e consiga muito mais, a ver vamos como diz o cego!
      Não vou comentar a colonização porque é assunto que não domino bem e sou uma que não conheço bem o mapa de África, confesso, mas ouvi da boca dum professor que tive, que aquando do envio das primeiras tropas e quando as primeiras mortes aconteceram, poderia se ter evitado outras. Dizia esse professor que podia-se ter dado autonomia regional, tal como aconteceu com a Madeira e Açores!
      Fixei isto e tal nunca me saiu da cabeça.
      Hoje, consigo ler melhor a história e sei que o General Spínola, na altura, tentou fazer isso.
      E, Sr. Leitão, nós é que lhe agradecemos pelo que nos conta e pela análise (por mim falo).
      Bem-haja. Um abraço meu também.

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  13. Amazing post my Dear <3
    http://kasjaa.blogspot.com/

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  14. Boa noite Paula,
    Li do princípio ao fim quase sem respirar o relato do Sr. António Leitão e como sempre que ouço ou leio algo sobre essa inglória guerra, choro!
    E neste momento assim acontece!
    Esse senhor deve ser mais ou menos da minha idade!
    No entanto era pequenina quando talvez num dos primeiros navios embarcou o primeiro jovem da minha aldeia, um rapaz alto, lindo, de 20 anos irmão de uma vizinha nossa e passados quinze dias chegou a informação de que tinha sido morto em combate de uma forma que nem vou falar disso!
    Ouvi a notícia ser dada à irmã, um dia de manhã pelo filho do senhor do posto do correio estendendo-lhe o telegrama. Fiquei marcada para sempre!
    Depois mais outro acontecimento e acidentes que ainda hoje deixam visíveis as suas marcas!
    A minha idade deu para acompanhar, ler e ver muita coisa! E como eu sofria!
    Felizmente não tive irmãos, nem namorado na guerra, mas digo aqui simplesmente: viva o 25 de Abril que terminou com essa malfadada guerra! Vivam os Capitães de Abril!
    (Estive no Carmo na radiosa manhã desse Dia que não esquecerei;))!
    Um grande beijinho e continuação de boa semana.
    Ailime

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    1. Ailime, ninguém fica indiferente quando se aborda este assunto seja em que lugar fôr.
      Eu há dois ou três meses, comecei a bisbilhotar na Internet blogues com relatos de militares que passaram pela estúpida Guerra do Ultramar. Li e reli várias vezes alguns post´s do blog do Sr. António Leitão, com muito agrado, mas também chorei, pelo que ele e os outros soldados (nos quais incluo o meu pai), por lá passaram e fizeram, muitas vezes com o sacrifício da sua própria vida.
      Quando se fala no 25 de Abril muitos questionam que tudo poderia ter sido diferente, como teria sido diferente o percurso de Portugal e dos países africanos.
      Haverá sempre alguém que pode pensar de forma diversa, por isso aconteceu Abril, foi essa a porta que nos abriu, podermos discordar.
      Para quem tem memórias destes acontecimentos, como a Ailime, recorda-se de como o cravo simbolizou a Revolução sem sangue que impressionou a Europa e o mundo e trouxe o povo para as ruas em grandes manifestações populares.
      Para quem, como eu, não viveu estes dias, é importante saber a diferença entre o antes e o hoje.
      Que Abril floresça...bem precisamos!
      Beijinho e cont. de boa semana tb.

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  15. Boa tarde, conheci a guerra sem saber a causa que defendia, mais tarde vim a saber que os militares e as sua famílias, os portugueses que para lá foram viver e que regressaram, os angolanos e todo o povo que ficou no continente foram vitimas de meia dúzia de empresas e de outros tantos interesses pessoais com a conivência dos ditadores fascistas, estes enriqueceram à conta do sofrimento do povo e das vitimas da guerra, estas pessoas e os seus descendentes, metem-me nojo.
    AG

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    1. AG, hoje o que parece é que as elites politicas e económicas dos anos 60 que levaram os jovens portugueses “inocentemente” para a guerra sob a capa de um nacionalismo provinciano, se refundaram, embora em outro contexto, claro.
      Abraço e votos de um feliz dia da liberdade!

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  16. Nao fui para guerra, nao por ter ficado "livre", mas simplesmente e embora quase no patamar da idade para tal, ainda tal nao tinha atingido.
    As sequelas da guerra ainda hoje se manifestam de variadas formas e ao tempo, Portugal ombreava nestas aventuras loucas de preservar o expansionismo, com outros paises ocidentais, Inglaterra, Italia, Espanha, Holanda, etc., e tal como o relato do Sr. Antonio, milhoes de linguas diferentes, terao a mesma "marca".
    Os Retornados.
    Milhares de milhares num regresso apocalitico, de barco ou aviao para a Metropole, fora os que ficaram na Africa do Sul, rumaram ao Brasil, Australia, Nova Zelandia...
    O IARN nascido em 1975, serviu para causas humanitarias de acolhimento e para grandes negocios, alias, continua a ser a guerra porventura o melhor alancar da economia de alguns paises.
    Foram criados tantos movimentos de apoio aos retornados e compreendo a revolta de quem ali tinha feito a vida e riqueza e de um momento para o outro tudo ver desmoronar, e quase apetece perguntar se tinham a consciencia de estarem na casa dos "outros" como senhorios, a "prazo".
    Foi mau para todos, os nossos bravos guerreiros que instruidos na doutrina do amor pela patria, por tal se batiam ate morrer ou ate hoje nem conseguirem curar as feridas fisicas e psicologicas.
    A tudo isto, o Continente tambem recebeu "ditadores", os "negreiros", que tendo de regressar para as aldeias traziam consigo a arrogancia e ferocidade de quem habituado estava a lidar com os negros e ainda hoje essas raizes se manifestam em aldeias do interior.
    Tudo condenavel sem duvida, mas parece que pouca gente tem dado importancia aos que estavam no Continente, nao os pais que viam partir os filhos, as nivas viuvas antes de casarem ou filhos que nunca conheceriam o pai.
    Falo daquela geracao, tal como a minha, entre os dezoito e vinte anos que procurava trabalho. Que e passo a falar do meu caso pessoal, quase diariamente respondia a anuncios e fazia teste psicotecnicos para arranjar emprego. Nunca me irei esquecer que dos varios, e passando nos testes, fiquei sempre preterido em funcao dos "retornados" eles tinham prioridade.
    Mas que raio de culpa tinha eu em me ser sonegado o trabalho se estava a procurar um inicio de vida tal como eles o reenicio?
    Poderia alongar a dissertacao, mas a guerra fez mal a milhoes, mesmos aos que ficaram e nao fica nada mal ao povo portugues que se orgulhe dos seus valentes e sem vaidades pessoais ou ascensoes politicas deles se aproveite,
    Amanha, 41 anos de Liberdade, dizem...
    Sejamos honestos e pedir uma palavra de desculpa aos paises libertados (pela grandiosa luta deles), nunca ficara demais.
    Viva o 25 de Abril!

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  17. Ola Francisco.Boa tarde.
    E extremamente delicado abordar a problematica da descolonização, visto esta ter aberto chagas que jamais cicatrizarão, todavia se os nossos "governantes nao tivessem feito a política da avestruz, muitas tragédias seriam evitadas. Hoje talvez seja dia de festa, ou pelo menos devia ser. Li ha dias uma frase que apreciei muito: A pior prisão, é aquela onde estamos encerrados com a impressão de que somos livres; ou entao: so é livre quem tiver as necessidades todas asseguradas. Quem as tem? Um G. abraço e obrigado.

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  18. Para uns hoje é dia de festa porque felizmente algumas pessoas ainda não esqueceram o que o dia 25 de Abril significa, mas para outros é dia de tristeza; por um lado, porque as comemorações a nível institucional reduzem-se praticamente a uma série de discursos a elogiar aqueles que proporcionaram este dia e poucos são os que se lembram dos ex-combatentes; por outro, porque em pleno século XXI os nossos (des)governantes estão a levar Portugal e o nosso povo à miséria (aliás os discursos de hoje baseiam-se nisto)!
    É verdade que hoje todos podemos escolher quem queremos que nos governe ou represente, hoje qualquer um pode eleger e ser eleito e nem sempre foi assim. Só que isso por vezes tem custos e temos de aturar quem ganha as eleições e depois exerce o poder como se fosse dono do país, do município, da freguesia.
    Para que Abril se cumpra, convém ter presente que há 41 anos atrás houve uma Revolução que abriu portas de oportunidades nunca antes experimentadas e que todos podem ser cidadãos com direitos. Muitos não têm consciência, mas a Revolução dos Cravos faz parte dos manuais escolares, só que houve escolas que encerraram e parece-me que não houve tempo para chegar a este capitulo!

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    1. Abril devia levar a classe politica a governar como bom chefe de familia e em tempo de crise dar ela o exemplo e se necessario "apertar o cinto", mas o que temos é políticos que nos sugam para eles viverem à grande; quando alguns deles passam à "reserva", recebem um suplemento de "biberão": queres 200, 300, ou o biberão cheio? A nos, os que demos à "pátria" os nossos melhores 3 anos... Toma, vai beber meio-quartilho. Deviam ter vergonha de se dizerem europeus, mas uma "envergonhadela" numa cara sem vergonha, é uma estela de riso. Plantemos cravos e rosas, mas como já contei em (viajando no tempo), Abril continuará cinzento. Um abraço e excelente semana a todos os leitores. Obrigado.

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  19. Paula e Sr. Antonio,
    Pungente relato de um pequeno pedaço duma vivência da guerra que, como toda guerra, alicerçou-se na estupidez e ganância de meia dúzia e morte e mutilação física e emocional de milhares.
    Todos foram vítimas e guardam suas feridas: os negros, os brancos, os que foram, os que ficaram. E nada disso tem valor, nem hoje, nem amanhã.

    abç amg

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    1. Carmem, talvez porque nada disto tem valor, é que para alguns (na maioria retornados) o dia 25 de Abril é considerado dia de luto!
      Mas seria bom que os retornados se lembrassem do que foi feito em Portugal desde Abril de 1974:

      - se não fosse o 25 de Abril, a maior parte dos jovens teria de ir para o Ultramar fazer uma guerra desnecessária;
      - antes do 25 de Abril muitas das aldeias do país não tinham água, luz, saneamento básico, ou estradas com o mínimo de qualidade;
      - ou, antes do 25 de Abril, eram poucas as casas de família onde havia televisão, frigorífico, máquina de lavar roupa, e que famílias com carro próprio eram uma ínfima parte das famílias portuguesas;
      - ou também que, antes do 25 de Abril, dizer em voz baixa o que hoje se diz alto e bom som, significava quase sempre a prisão, a tortura e a condenação sem um julgamento sério;
      - ou ainda que antes do 25 de Abril, só podiam votar para a Assembleia Nacional, os cidadãos que soubessem ler e escrever, o que fazia com que em 1973 só 24% dos portugueses estivesse recenseados;
      E nem quero lembrar frases de Salazar sobre as mulheres!

      Em termos de descolonização, sim, Portugal foi, digamos, uma desgraça,entregaram tudo aos da cor dos políticos na altura; Portugal abdicou pura e simplesmente de tudo.
      Na Irlanda, por exemplo, deram a independência com direitos adquiridos, lembro que a esfinge das notas e moedas tinham a Rainha de Inglaterra!

      Abril também se faz em Outubro…
      Abç amg tb e obrigada pelo comentário

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  20. Paula,

    A guerra deixa marca em todos os povos.
    Dia 25 também é lembrada aqui na NZ. Sempre vou ao desfile do Vilarejo onde moro. É emocionante, e ao mesmo tempo, acho lindo que sejam lembrados, aqueles que morreram ou foram mutilados em nome de suas pátrias.
    Mais um post digno de ser aplaudido. Abraços pra vocês e o Sr. Antonio.

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    1. Eu gosto muito de História, mesmo da história deste período negro, por tal estou como a Lucinha, lembrar todos os que pereceram na guerra é triste, mas ao mesmo tempo é bonito.
      No caso - Guerra Colonial - saber que nos 13 anos de guerra registou-se um total de 8.290 mortos nas três frentes de combate e destes mais de oito mil mortos, 4 eram naturais de Forninhos, é triste, mas isto faz parte da nossa história. Foram 4 jovens forninhenses que partiram da sua terra para defender a pátria e voltaram em caixões. Mas isto não vem nos livros!
      Infelizmente enviaram-nos para uma guerra que já estava perdida antes de começar!
      Um abraço.

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  21. Mais um tema tratado tão bem, relatando episódios que, infelizmente, também deixaram feridas no coração da minha família... para sempre!...
    É óbvio que as "províncias" tinham de ser libertadas do fascismo da "metrópole", mas não daquela maneira. Como li, alguns jovens nem sabiam ao que iam nem sabiam o que os esperava. O mau marido foi e voltou da Guiné... ainda hoje os militares do pelotão se reúnem anualmente... e as famílias acompanham-nos. O meu irmão, na mesma época (1965) foi e não regressou de Angola. Efetivamente regressou em 1966... mas numa urna, que eu e a minha mãe andámos a procurar pelas várias igrejas de Lisboa... chegando a acreditar que, em vez do corpo, tivessem feito chegar pedras! Disseram que não... e hoje faz no cemitério de Ponta Delgada. Em todas as igrejas, e percorremos várias, havia 5 ou 6 urnas a aguardar as famílias dos jovens que nessa altura foram alvo dos morteiros do "inimigo"...
    O tempo aliviou um pouco as feridas no nosso coração... mas ainda hoje choro a perda dos jovens, que , como o meu saudoso irmão tinha apenas 22 anos... dali a 4 dias faria os 23.
    Olhem hoje para um jovem dessa idade e imaginem o vazio que as mãe, irmãos e amigos sentiram quando perderam o seu... entregue selvaticamente como carne de canhão.
    No 25 de Abril de 74 estávamos em Moçambique. Depois a guerra desceu até ao Maputo, onde residíamos, mas fomos ao Estádio assistir à cerimánia da independência, no dia 25 de Junho de 1975. Só regressámos em 76, de livre vontade, deixando e trazendo saudades dos que nos rodeavam: os nossos amigos e muitos alunos.
    Um abraço, querida amiga Paula.

    Também gostei do contributo do Sr. Leitão e do amigo Xico. Um abraço também para eles.

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    1. ... "mau" marido... MEU querido e bom marido!!! Desculpa o lapso!

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    2. Há feridas que não cicatrizam facilmente…
      Diz-se em Forninhos também que, em vez do corpo, os caixões vinham com pedras!
      Não sei...
      Mas gostei imenso do que a Teresinha disse: "No 25 de Abril de 74 estávamos em Moçambique. (...) fomos ao Estádio assistir à cerimónia da independência, no dia 25 de Junho de 1975. Só regressámos em 76, de livre vontade (...).
      É por isto que para mim tem muito mais credibilidade o que dizem as pessoas que viveram essa época do que os que vão consultar os livros para depois escreverem o que foi a guerra colonial e como foi difícil para os retornados recomeçar a vida na sua terra, no seu país!
      Exemplo, da família do lado da minha mãe, regressaram duas suas irmãs, com filhos e marido, no entanto, os meus avós deram a cada uma delas terrenos para construírem a sua casa de morada de família, enquanto que aos outros filhos nada deram!
      Neste contexto, se calhar é caso para dizer que chegados cá não ficaram assim tão pobrezinhos, como por vezes querem fazer-nos crer!
      Após estes anos todos, muito ainda haveria para dizer ou escrever sobre este capítulo da nossa história.
      Beijinhos, Teresinha.

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